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Quando perguntamos aos bororos qual é a sua origem, logo respondem: paaradu-cá, que significa: nós não sabemos.
Pouco se sabe sobre a procedência dos bororos. Para uns, eles vieram do alto do Rio Negro e do Orenoco. E, através dos vales do Rio Negro, Amazonas, Madeira, Mamoré e Guaporé, foram-se espalhando, inclusive mantendo uma boa amizade com as tribos bolivianas.
Os primeiros contatos dos bororos com os brancos foram na primeira metade do século XVII, época em que o paulista Antônio Pires Pascoal Moreira Cabral penetraram nos sertões do Mato Grosso. As primeira notícias acerca da região se deram por conta das lendárias Minas dos Martírios. Neste período o imenso quadrilátero barra-garcense era habitado de cima abaixo por povos indígenas das nações boróro e xavante.
Segundo o Padre Bartolomeu Gianccaria, a pacificação dos xavantes, que habitavam grandes áreas localizadas entre Mato Grosso e Goiás, teve início em 1784, quando o governo de Portugal, preocupado com esse povo, mandou várias expedições militares para fixá-los em aldeias. O aldeamento não foi bom para os xavantes.
A cada dia, foram ficando mais enfraquecidos, até que um grupo, revoltado com a situação, abandonou o domínio da guarnição militar. Os revoltosos atravessaram o Rio Araguaia e o Rio das Mortes, ocupando a Serra do Roncador, no Mato Grosso.
A região teve efetivo início povoador com a navegação do rio Araguaia, ao tempo da guerra do Paraguai, quando o presidente da Província, Couto Magalhães, viu a necessidade de ligação entre as bacias hidrográficas do Prata e Tocantins, unindo o sul ao norte, pelo centro.
Iniciou-se então a navegação do rio Araguaia. Couto Magalhães mandou transportar em carros-de-boi três navios, desmontados para viagem – do rio Cuiabá até o Porto de Itacaiú, onde seriam montados. Foram criados presídios, que serviam também de posto de registro: Ínsua, Passa Vinte e Macedina. O presídio de Ínsua foi transferido para as margens do rio Araguaia, em lugar denominado Porto Grande, que ficou cognominado Registro do Araguaia.
Dizem que Simão da Silva Arraya enterrou um recipiente (talvez uma garrafa) contendo diamante nas proximidades da grande pedra. Arraya marcou a pedra com os dizeres “S. S. Arraya – 1871”. Para José Pedro, a inscrição foi esculpida por uma caravana desmobilizada em retorno da Guerra, liderada por Simão Arraya, somente para marcar a passagem pelo lugar.
Na versão de Raul José de Mello, antigo coletor de rendas de registro do Araguaia a história é outra: “…em 1871, o pai de Marcos Afonso (um dos herdeiros) e mais Simão da Silva Arraya e dois ex-combatentes de guerra encontraram enorme quantidade de diamantes.
Nas andanças entre presídios, os militares faziam postos na foz do rio Garças. O local de referência era assinalado por uma pedra, a pedra da Barra Cuiabana, a primeira denominação de Barra do Garças. Em Barra Cuiabana viviam José Pedro, o filho Vicente e outras pessoas, exatamente em frente à Barra Goiana, hoje Aragarças. A pedra da Barra Cuiabana tinha uma lenda.
Na época a comercialização era difícil, e sabedores do valor do achado começaram a guarda-lo uma garrafa. De certa feita foram atacados por índios boróros. “Antes de fugirem enterraram a garrafa e mais tarde marcaram a pedra.” A verdade é que ninguém encontrou a tal garrafa, e se foi achada, não foi divulgado – daí ser lenda. Em 1897, Antônio Cândido de Carvalho encontrou diamantes no rio das Garças. A notícia trouxe muita gente à região, aumentando o contingente populacional araguaiano. Neste período a economia regional dividia-se entre a garimpagem e a extração de látex da mangabeira, que proliferava no cerrado.
Sua população foi formada por pessoas vindas de vários estados brasileiros, incentivados pelo desdobramento do Oeste em busca do ouro e do diamante.
Eles então voltaram tempos depois com barbas por fazer, mal vestidos e dizendo serem analfabetos: foram logo aceitos. Os irmãos Vilas-Boas passaram cerca de trinta e cinco anos no Brasil Central e contribuíram de maneira expressiva para o conhecimento da região e para a preservação do local. Catalogaram cerca de cinco mil indígenas e várias tribos. Criaram algumas cidades como postos de base (pontos de entroncamento) na região, como a cidade de Nova Xavantina. Criaram também o Parque Indígena do Xingu.
Com o afastamento do Coronel Flaviano Mattos, em 1945, pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, a Expedição Roncador-Xingu passou a ser chefiada pelos irmãos Vilas-Boas. A chefia dos irmãos mudou o caráter da Marcha para o Oeste, que tinha tudo para ser uma expedição violenta, mas se tornou uma expedição de contato baseado no ideal do Marechal Cândido Rondon: “Morrer se preciso, matar nunca”.
As áreas a leste, próximas à divisa com Goiás, tiveram seus povoamentos estimulados pela descoberta de diamante em 1920, zona essa, no divortium aquarum das Bacias do Amazonas e do Rio do Prata, sendo tributários da primeira os afluentes do Araguaia, e da segunda, os do São Lourenço. Forma-se nesta zona diamantina do princípio do século XX um grande número de povoados e municípios, 57 dentre os quais se destacam Alto Garça, Alto Araguaia e Barra do Garças.
O povoamento da região se deu em dois sentidos, um advindo do crescimento e desenvolvimento da região do Sudoeste Goiano (Mineiros, Jataí, Rio Verde) e outro vindo de Cuiabá no sentido oeste, ao encontro do Rio Araguaia. As demais zonas mato-grossenses não tiveram a mesma vitalidade.
Foi com Vargas que se iniciaram os novos programas de colonização agrícola e povoamento das regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil. Dentro da política de repressão das oligarquias regionais e da necessidade de manutenção da unidade nacional à luz da nova concepção geopolítica, Vargas proclamou a “Marcha para o Oeste” em 1937. O grande objetivo era dar unidade territorial ao país. Assim, era preciso povoar os espaços vazios e promover a integração política, resolvendo os conflitos regionais e fortalecendo o poder do Estado.
Juntamente com os programas de colonização foi criada e implementada uma série de programas de desenvolvimento, cujo objetivo principal era dar suporte e efetivar a ocupação da região do Brasil Central.
Dentro desta lógica podemos destacar: o Programa de Distribuição de Terras e Desenvolvimento Agroindustrial – PROTERRA (1967), o Programa de Integração Nacional – PIN (1970), o Programa de Desenvolvimento do Centro-Oeste – PRODOESTE (1971), o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados – POLOCENTRO (1974), o Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento do Cerrado – PRODECER (1979), o Programa de Financiamento de Equipamentos de Irrigação – PROFIR (1982); dentre outros (GOODMAN, 1978; GALINDO; SANTOS, 1995).
O PIN buscou atenuar problemas de desenvolvimento do Nordeste, altamente povoado, acelerando a colonização e a expansão econômica das regiões relativamente vazias, o Norte e o Centro-Oeste. Esse programa consistiu-se de abertura e pavimentação de rodovias, incentivos fiscais a investimentos produtivos e distribuição de terras.
Para suplementá-lo foram implantados outros programas, como o Programa de Distribuição de Terras e Desenvolvimento Agroindustrial — PROTERRA (1967) e o Programa de Desenvolvimento do Centro-Oeste — PRODOESTE (1971), que visavam à distribuição de terras e reproduziam os demais programas de integração — construção de rodovias, incentivos fiscais e assentamento de colonos.
Esses programas foram importantes no que diz respeito à construção de uma malha rodoviária 115 ligando Cuiabá a Porto Velho (RO), Cuiabá a Santarém (PA), Rondonópolis (MT) a Campo Grande e Dourados (MS). O PRODOESTE tinha como objetivo básico incrementar o desenvolvimento econômico dos estados de Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal. A maior parte de seus recursos foi destinada a obras de infra-estrutura. Segundo Mueller (1990), o programa contou com 650 milhões de cruzeiros distribuídos entre 1972 e 1974.
A responsabilidade pela execução ficou por conta do Ministério dos Transportes e do Ministério do Interior. No caso dos armazéns, silos, usinas de beneficiamento e frigoríficos, a construção ficaria a cargo do setor privado, sendo o Ministério da Agricultura responsável pelo acompanhamento das obras.
A partir da década de 1980, o cultivo da soja introduzido por migrantes da Região Sul do Brasil com apoio do governo federal cresceu enormemente no estado, levando este, na década seguinte, a atingir o primeiro lugar na produção dessa leguminosa no país. Essa expansão agrícola, incluindo a expansão da criação de gado bovino, vem gerando, no entanto, preocupações relativas ao desmatamento e aos conflitos entre posseiros e indígenas pela posse da terra.
Referindo-se especificamente ao velho Mato Grosso, Machado de Oliveira (1993) afirma que o desenvolvimento da lavoura e a modernização rodoviária forçaram o grande empenho para a mudança na estrutura produtiva do rebanho bovino (final dos anos 1970), melhorando as pastagens, o padrão genético e internalizando as funções de cria, recria e engorda, o que viabilizou a instalação dos frigoríficos.
A introdução das culturas voltadas para a exportação, com maior capacidade competitiva e forte apoio oficial, levou as culturas tradicionais a perder espaço, na falta desse mesmo apoio.
O resultado é a mudança do perfil econômico da região desde os anos 1970, com grande expansão da área cultivada e progressiva construção de silos e armazéns e instalação de empresas ligadas ao sistema agroalimentar mundial. Lembra Shiki (1997) que: “a agroindústria, seja a montante, com as indústrias de fertilizantes e calcáreos, seja a jusante, com as processadoras de matérias-primas agrícolas, é um ramo privilegiado de inversões das indústrias líderes, como a Sadia, a Ceval e a Perdigão”. Este processo está ligado às mudanças ocorridas à luz da modernização da agricultura brasileira e marca a última fase desta.
Consiste na subordinação do setor às grandes redes varejistas (Pão de Açúcar e Carrefour, por exemplo) e as grandes redes atacadistas e varejistas. Além disso, a adaptação das sementes para os diversos tipos de solo e as condições agroclimáticas locais permitiram ganho substancial na produtividade da soja, graças ao esforço da Embrapa, das universidades e outros órgãos públicos de pesquisa e da iniciativa privada, a exemplo da Fundação Mato Grosso.
Barra do Garças é um município brasileiro, localizado na Região Centro-Oeste, no estado de Mato Grosso, do qual é o nono município mais populoso, com população de 58 690 habitantes, conforme a estimativa do IBGE, em 2016. Criado em 13 de junho de 1924 e emancipado em 15 de setembro de 1948, é um polo regional em Mato Grosso, sendo a principal cidade da região conhecida como Vale do Araguaia, nas proximidades da divisa com o estado de Goiás.
Sua economia baseia-se na agropecuária, turismo e agricultura, com destaque para a produção de soja, arroz e milho. Sua área é de 9.078,983 km² e a distância até Cuiabá, capital administrativa estadual, é de 515 quilômetros. A fundação do povoado deu-se em 13 de junho de 1924, dia do padroeiro Santo Antônio, por Antônio Cristino Côrtes, Francisco Luiz Esteves e Francisco Dourado. A primeira atividade econômica foi a mineração, que era feita concomitantemente com agricultura e pecuária de subsistência.
O crescimento da cidade possibilitou sua emancipação em 15 de setembro de 1948 (via transferência da sede de município, antes localizada em Araguaiana) com 212 mil km² e ampliado posteriormente para 273,476 mil km², tornando-se, na época, o maior município do mundo.
Na década de 40, com a instalação da base da fundação na cidade vizinha de Aragarças, a cidade sofreu um segundo período de crescimento acentuado. Também nesta época houve a transferência de sede de município de Araguaiana para Barra do Garças.
Entre 1965 e 1973 houve forte incentivo fiscal por parte dos órgãos SUDAM e SUDECO. Foi nesta época que houve a ligação da cidade com a rede de energia elétrica, o asfaltamento das ruas centrais, entre outras melhorias na infra estrutura. A cidade possui o maior potencial turístico do Vale do Araguaia e do estado de Mato Grosso.
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